Eu sei, ultimamente eu ando meio profundo, neh? 8P
Prometo que a próxima postagem vai ser bem light... mas nessa eu preciso levar vocês, caros hippercrônicos, a uma reflexão mais profunda do que as usuais...
Por acaso você assistiu ao filme "A procura da felicidade"? (caso não tenha, PARE DE LER A POSTAGEM, PORQUE EU VOU CONTAR O FINAL DO FILME!)
Esse filme fala a respeito de um pai americano que perde tudo, menos o filho, e batalha como um animal para dar ao dito menino uma vida melhor. No fim do filme (eu avisei que contaria) ele consegue um emprego maravilhoso e sai do aperto para todo sempre. Aleluia, tah, mas esse fim me fez pensar sobre algo...
O final do filme, que todo mundo achou belíssimo (até eu), deu a entender que, enquanto ele passava pelo aperto, ele e o filho não eram felizes, não podiam ser... Existem senas no filme nas quais os dois passam noites em abrigos e vão a filas da sopa lotadas de gente na mesma situação em que eles se encontram. No fim, ele sai dessa situação devido a suas qualidade e habilidade pessoais... mas e aquelas outras pessoas?... será que elas possuem as mesmas qualidades do Will Smith?... E será que todas elas são infelizes?
Eu quero contar para vocês a história do "seu Zé".
Por diversar razões, que eu não contarei pra encurtar a história, meu pai foi tomar conta do meu tio, que estava no hospital. O hospital era praticamente público e, por isso meu tio teve que dividir o quarto com outro doente: O seu Zé.
Eu não sei que problemas o seu Zé tinha, mas meu pai afirmas que a aparência dele era constrangedoramente repugnante, fisicamente. Seu Zé tinha caroços pelo corpo todo, sentia dores frequentes e cruciantes, era muito magro e, além de tudo, tinha sido abandonado pela família para morrer ali, naquele lugar deplorável.
Um belo dia, seu Zé pediu a ajuda do meu pai para uma das vária coisas que ele já não conseguia fazer sozinho: vestir-se. Meu pai, a muito contragosto, consentiu em ajudar e, a partir dali, ele acabou iniciando uma conversa com o seu Zé.
Acredite você ou não, a primeira frase do seu Zé foi: "A vida é maravilhosa, não é?"
Meu pai ficou petrificado ao ouvir aquilo daquele homem. O homem era um miserável, um morto em vida, e estava chamando a vida de maravilhosa?! Mas foi aí que o seu Zé começou a falar de como ele tinha tido uma vida longa, útil, honesta... Os olhos do meu pai se encheram de água enquanto ele ouvia aquele homem sorridente contar como ele tinha sorte de estar em um hospital, como Deus tinha sido bom pra ele e como agora ele o esperava no paraíso... Meu pai não mais via um homem sujo e moribundo... mas sim um homem cheio de vida que gostava de ver o céu através da janela... um homem feliz...
O seu Zé deu duro a vida toda. Ele tinha sido pedreiro e nunca tinha saído do aperto. Os filhos que ele amava tinham deixado ele pra traz. Mas era feliz. Feliz como muita gente nunca será.
Nós queimamos nossa vida achando que um emprego, dinheiro, posses, prazer, conforto, saúde e até carinho vão nos trazer a felicidade. Nós achamos mesmo que precisamos de algo para sermos felizes e muitas vezes, quando não as alcançamos, nossa vida desaba. E o seu Zé esfregou tudo isso na cara do meu pai sem dó nem piedade. Ele estava em paz com Deus e com sigo mesmo, e isso bastava.
Então, POR QUE RAIOS NÓS AINDA INSISTIMOS EM RECLAMAR?! Por que insistimos em sermos infelizes?
Dois dias depois, meu pai voltou ao hospital para ver o homem que, de acordo com sigo mesmo, era o homem mais feliz do mundo, mas o homem já tinha ido embora. Tinha ido se encontrar com o Deus que ele tanto amava. E meu pai contava, ainda com os olhos marejados: "Quando eu chegar no céu, o seu Zé vai estar esperando por mim. E ele vai me dizer: 'Eu não disse homi? è maravilhoso ou não é?' "
O que eu aprendi com seu Zé?
Muito poucas pessoas estão a procura do que realmente é necessário pra ser feliz, e o Will Smith não é uma delas.
E o que você acha, meu caro hippercrônico?
A vida é maravilhosa, não é?
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